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19/11/2022

Atração compõe a programação do Circuito Penedo de Cinema e segue até domingo (20)

Por Jamerson Soares

Em um estande montado exclusivamente para uma exposição fotográfica, que compõe a intensa programação do 12º Circuito Penedo de Cinema, podem ser ouvidos gritos de revolta. São diferentes atos coletivos que funcionam como uma espécie de colmeia a fim de conquistar novamente os direitos renegados e cortados de uma sociedade. Esse grito que há muito tempo foi contido, desde o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, vem sendo ouvido na Praça 12 de Abril e segue até domingo (20).

Trata-se da exposição intitulada “Povo – manifestações – ato de luta por direitos”, sob autoria do fotógrafo e artista, Adriano Arantos, que há 10 anos atua na área da imagem e capta de forma sensível, por meio de suas lentes, o retrato do mundo das Alagoas. Com 60 fotografias, a exposição já passou por Maceió, Arapiraca e Delmiro Gouveia.

Nas fotos é possível ver multidões clamando por justiça a Marielle Franco, assassinada por milicianos em 2018, jovens e adultos clamando por direitos na área da educação, contra os cortes de verbas. Placas com frases de repúdio ao governo Bolsonaro e sua negação à vacina, com palavras que pareciam pulsar. Havia também bandeiras LGBTQIA+, integrantes de movimentos sociais como MST, MTST, Adufal, Sinteal, indígenas pedindo demarcação de território e em outras fotos mais pessoas em defesa da aposentadoria.

Exposição itinerante já passou por diversos equipamentos culturais. Crédito: Nathália Bezerra

Frases como “Por um país sem fome e sem miséria”, “Educação não esquece!”, “Bolsonaro nunca mais”, “O SUS é nosso, ninguém tira da gente. Direito garantido não se compra, não se vende”, “SOS Amazônia”, foram captadas nas imagens. Era possível ver idosos com o olhar triste, mas, ao mesmo tempo, cheio de esperança e revolta.

Segundo Arantos, as imagens foram feitas de 7 setembro de 2018 a 1º de maio de 2022, com a curadoria do antropólogo, fotógrafo e documentarista Pedro Simonard, que também é autor do texto da entrada da exposição. Ele também contou que o momento mais emocionante durante esse processo foi a hora que fez a foto de duas crianças com a bandeira do Brasil.

“Esses atos são gritos de muita gente e a gente vai se sensibilizando, e aquilo também se torna o nosso grito”, diz Arantos. Crédito: Nathália Bezerra

“Essa foto aconteceu em um minuto ou dois. Os pais pediram pra eu fazer a foto, só uma tava se máscara e a outra não, e estávamos em um período crítico da pandemia. A mãe colocou a máscara na filha. Mas alguém que estava lá viu a cena, estava com a bandeira do Brasil e rapidamente já as envolveu. Instintivamente, o processo aconteceu. No acaso dos fatos a foto acontece”, relatou o fotógrafo.

Para ele, todas as fotos também são extensões de seu grito. “Esses atos são gritos de muita gente e a gente vai se sensibilizando, e aquilo também se torna o nosso grito. A exposição é uma forma de reverberar isso. O propósito dela é fazer com que as pessoas saibam o que é uma manifestação”.

Questionado sobre o que sentia com a exposição na programação do Circuito, Arantos afirmou que é gratificante ver que mais pessoas estão se educando através da fotografia que ele faz.

“A exposição gerou debate e isso não tem preço. Me sinto muito feliz pela exposição estar aqui no Circuito porque fotografia e cinema estão interligados. Vejo meu trabalho como um fator construtivo e educativo. Saber que algo que passei quatro anos desenvolvendo vai para um local onde as pessoas gostam de arte, é engrandecedor”.