Estavam presentes a diretora do filme Renata Pinheiro, o roteirista Sérgio Oliveira e a atriz alagoana, Ane Oliva
Por Jamerson Soares
A Mostra de Longa-Metragem Nacional, do Circuito Penedo de Cinema, exibiu nesta terça-feira (15) o filme premiado “Carro Rei”, dirigido por Renata Pinheiro. O encontro ocorreu no Centro de Convenções Zeca Peixoto, e teve a presença marcante da diretora, do roteirista Sérgio Oliveira e uma da atriz do filme, Ane Oliva, que inclusive é alagoana.
Além da atriz, também participam do longa os atores Matheus Nachtergaele e Luciano Pedro Jr., que também é de Alagoas. A obra já foi exibida em diversas mostras e festivais no Brasil e em outros países, e foi o grande vencedor do 49º Festival de Gramado, um dos eventos mais importantes no país.
Lançado em 30 de junho deste ano, o filme é uma ficção científica que mostra um jovem chamado Uno se comunicando com um carro. Eles interagem desde quando Uno era criança. Mas uma lei coloca a empresa da família do pai de Uno em perigo e o jovem tenta buscar no seu melhor amigo-máquina de infância um herói que tem planos para todos.
Antes do longa ser exibido, um curta-metragem alagoano chamado “Calibre 22” teve seu lugar na tela e levou o público ao suspense, à ação. O curta foi dirigido por Albert Ferreira e Claudemir Santos, e teve como locação a cidade de Teotônio Vilela (AL). Ane e o ator Julien Costa participam do filme.
Logo depois, houve um bate-papo dinâmico e interativo, mediado por Rosana Dias, com Renata, Ane e Sérgio. Os três subiram ao palco para falar sobre o processo criativo do filme, a questão sociopolítica encontrada no roteiro e a composição dos personagens. Assuntos como o bolsonarismo alarmante no país, as fake news, a desonestidade, a luta de classes, a relação entre o homem e a máquina, e a crítica à falta de humanidade foram abordados no encontro.
Durante sua fala, a diretora do filme Renata Pinheiro pontuou suas referências para realizar o longa, como foi o processo, e revelou sua preocupação, na época, com as represálias durante a circulação do filme. Mas, segundo ela, o cinema deve ser corajoso e não ser isento sobre o que vem acontecendo no país.
“O nosso cinema não tem obrigação de ser político, mas deve ser coerente e se posicionar. Cinema também é educação, política, debate, então é necessário que tenha um posicionamento. O processo do filme foi desgastante e difícil, mas ele tem uma importância muito grande para as discussões sobre o futuro no Brasil”, disse a diretora.
Já Sérgio Oliveira contou como foi a escrita do roteiro, quais foram os desafios e falou sobre o seu processo criativo. Para ele, o roteiro do filme foi desafiador e abordou assuntos que estão em ascensão no Brasil, a exemplo do nascimento do fascismo no país.
“Foi um roteiro muito desafiador, que teve muitas influências, mas que não podia faltar essa coisa brasileira de ser, tanto é que escolhemos Caruaru como locação do filme. Além do nascimento do fascimo no Brasil, também exploramos assuntos como agroecologia e a força reativa à mecanização”, explicou o roteirista, que complementou dizendo que adorou o Circuito Penedo de Cinema e a cidade.
No meio do bate-papo, Rosana Dias pediu um intervalo para que um vídeo fosse exibido na tela. Era uma mensagem do ator Matheus Nachtergaele enviando saudações. Ele também falou sobre os temas abordados no filme e a sua admiração pela equipe. O ator está em período de filmagem em outro estado e por isso não conseguiu estar presente no Circuito.
Ane Oliva foi a próxima a falar. Ela falou sobre o processo criativo para a composição da personagem que ela interpreta no filme, suas referências e influências, e comentou como é ser atriz e produzir cinema em Alagoas. De acordo com a atriz, é a primeira vez que ela participa do festival e já se sente honrada em fazer parte da produção audiovisual alagoana, que tem se integrado cada vez mais às produções de outros estados.
“Como artista, é muito importante me ver em uma tela como essa. Eu fico muito honrada em estar aqui tanto com o Carro Rei quanto com a Infantaria. Eu só quero agradecer ao convite especial. Acho que o cinema tem uma particularidade que é essa movimentação de pessoas que querem estudar essa arte, que se dedica especialmente na produção desse festival”, revelou.
Após as falas, houve um momento de perguntas do público. O encontro foi encerrado com a exibição do longa “Carro Rei”.