Encontro ocorreu nesta terça-feira (15) no Centro de Convenções Zeca Peixoto, em Penedo
Por Jamerson Soares
O segundo dia do Circuito Penedo de Cinema edição 2022 segue acontecendo de forma intensa nas ruas históricas da cidade, com a realização de diversas oficinas de atuação no audiovisual, produção de roteiro, bate-papos, exposições, feiras e mostras de curtas e longas-metragens. Nesta terça-feira (15), no Centro de Convenções Zeca Peixoto, houve a grande estreia da I Mostra Internacional de Cinema Socioambiental, em que são exibidos sete curtas de outros países, como Chile, França, Colômbia e Argentina.
Os filmes, dos gêneros que vão do documentário à animação, retratam as vivências tradicionais de comunidades e povos originários, como os Mapuches, as questões sociais, econômicas e políticas de sociedades urbanas. Também é possível encontrar temas como o direito à infância e à juventude, a preservação ambiental, a busca pela memória de um território que está prestes a ser arrancado e os impactos negativos do capitalismo.
A curadoria dos filmes ficou por conta de Alexandre Soares Taquary e Caroline Pavez. Para Alexandre, que também é produtor audiovisual, curador e diretor dos festivais Curta Taquary e Criancine, o Circuito Penedo de Cinema está compartilhando mais conhecimento e inclusão com a realização dessa mostra.
“Eu adoro o Circuito Penedo e creio que seja uma das principais janelas de exibição do cinema brasileiro. E sabendo que essa é a primeira mostra isso só reforça o compromisso que Penedo tem em levar conhecimento para a população de Alagoas e do Nordeste”, contou Taquary.
A obra “Choyün, Brotes de La Tierra”, dos diretores chilenos Sebatián Pinto e Rosário Lopez, por exemplo, mostra, por meio da animação, a luta de uma família Mapuche para preservar sua cultura e modos de vida que estão ameaçados pela exploração madeireira. Outro filme chamado “Migrants” (França), sob a direção de Hugo Caby, Antoine Dupriez, Aubin Kubiak, Lucas Lermytte e Zoé Devise, retrata a trajetória de dois ursos polares em exílio devido ao aquecimento global.
Caroline Pavez, cineasta chilena e de ascendência Mapuche, comentou sobre dois filmes que a chamaram a atenção: Choyoun e Los Últimos Vecinos. Segundo ela, há um forte avanço no fenômeno do mercado capitalista, deixando até populações sem o direito de receber a luz do sol em suas casas.
“O mercado capitalista não se importa com o que acontece com as pessoas. Invadem seu habitat, seu espaço, para erguer concretos tirando a possibilidade de receber a luz do sol. É sem dúvida uma grave afetação de seu direito de morar em um lugar e espaço onde convivem com o outro”, afirmou a cineasta, que há 15 anos realiza o Festival Internacional de Cine Polo Sur Latinoamericano.
A cineasta também acredita que a inclusão desses filmes e temáticas socioambientais em festivais de grande porte, como o Circuito Penedo de Cinema, abre caminhos para novas possibilidades de futuro. “Acho essencial que as cidades e festivais que têm um grande evento cultural e artístico como este, possam se abrir para outros espaços e propostas para mostrar filmes de outras partes do mundo”, concluiu.
Confira abaixo os filmes exibidos na mostra:
MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA SOCIOAMBIENTAL
Filmes convidados:
1. Amucha | Direção: Jesús Sánchez | Animação, 30′, Chile
2. Choyün, Brotes de la tierra | Direção: Sebastián Pinto e Rosario López | Animação, 6′, Chile
3. La creación segun la madre tierra | Direção: Aldana Loiseau | Animação, 4’43”, Argentina
4. Los últimos vecinos | Direção: Álvaro Rivera | Documentário, 24′, Chile
5. Migrants | Direção: Hugo Gaby, Antoine Dupriez, Aubin Kubiak, Lucas Lermytte e Zoé Devise | Animação, 8′, França
6. Ramón | Direção: Natalia Bernal | Documentário, 7′, Colômbia/México
7. Una carta de Leticia | Direção: Irene Blei | Documentário, 3′, Argentina