12ª edição do evento movimentou a cidade durante sete dias com mostras de cinema, exposições, oficinas, feiras, debates e shows musicais
Por Jamerson Soares
Depois de uma programação intensa e recheada de novidades, a 12ª edição do Circuito Penedo de Cinema chega ao fim neste domingo (20) com a cerimônia de premiação, exibição de curtas-metragens, agradecimentos e muita emoção. Durante sete dias, a cidade foi movimentada com a realização de mostras competitivas e de cinema livre, exposições, oficinas, ações formativas, feiras, bate-papos e shows musicais.
O Circuito é uma realização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), do Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS), com patrocínio do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), da Prefeitura de Penedo e do Sebrae Alagoas.
A solenidade de encerramento começou com uma apresentação teatral de Chico de Assis em homenagem ao dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. O artista interpretou um poema sobre a força do povo preto em uma sociedade desigual e racista, sob o som de batuques no fundo do palco.
Além de artistas como Marcélia Cartaxo, Isabel Teixeira e Danny Barbosa, também estavam presentes no local Sérgio Onofre, coordenador do Circuito, Expedito Cavalcante, coordenador-geral da Unidade Ufal Penedo e Marcos Muniz, representante da Secretaria de Cultura (Secult) do município. Uma multidão de espectadores também prestigiaram a solenidade.
No primeiro momento houve a exibição de dois curtas-metragens realizados pela equipe do Circuito. Os filmes foram produzidos durante o evento. O primeiro curta exibido intitulado “Abrigo dos Esquecidos”, de Albert Ferreira, tinha como protagonista o ator alagoano Julien Costa e tem como assunto principal a relação entre o ofício do ator, sua função e o coração da arte.
O outro curta se chama “Uievo Opará”, de Albert Ferreira e Fernando Brandão. O filme mostra a poesia da relação entre o Velho Chico e um pescador, que é interpretado por Chico de Assis. A magia do cinema tocou o público quando soube que o filme era uma homenagem ao pai de Sérgio, o Pedro Onofre. Após Sérgio ter conhecimento sobre esse fato, ficou visivelmente emocionado e mergulhou com seu olhar em memórias que às vezes não são fáceis de se desfazerem.
Logo depois houve a exibição do curta “Cabeça branca”, feito pelo Coletivo Audiovisual Tingui Filmes, que inaugurou a I Mostra Indígena em Alagoas do Circuito.
Em seguida, foi a vez das autoridades falarem no palco. Sérgio Onofre foi o primeiro a fazer o discurso. Ele agradeceu ao público presente e contou que estava muito feliz com a grande proporção que o evento tomou durante a semana.
“Hoje é uma noite de agradecimentos. Tenho muito orgulho desta caminhada porque muitos contratados da equipe foram também meus alunos, e isso é muito gratificante. Quero agradecer a toda equipe que é quem faz esse evento caminhar. Agradeço do terceirizado aos motoristas que transportavam os convidados e também aos profissionais de serviços gerais. Espero que o evento tenha agradado a todos”, disse Onofre.
O próximo a falar foi Expedito Cavalcante. Ele enfatizou a força que o Circuito tem para a produção de mudanças na sociedade e o impacto positivo deste evento.
“Esperamos que o próximo ano esse evento seja ainda mais grandioso. É um evento que gera impactos positivos na educação e no social. Quando uma sociedade pega parte do seu para se preocupar com os aspectos culturais e sociais isso significa que é uma sociedade saudável, sociedade doente é aquela que não considera a cultura como marco civilizatório de uma nação”, declarou o coordenador da Unidade Ufal Penedo.
Já Marcos Muniz falou para o público que o prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes, transmitiu um abraço para todos. Muniz também disse que o Circuito é um orgulho da cidade.
“Diante do público eu quero compartilhar o comprometimento do prefeito com a cultura e com a educação, o circuito é palco e vai continuar sendo palco de grandes movimentos e desenvolvimentos para o crescimento da cidade. O Circuito é um orgulho e gostaríamos de agradecer a todos que trabalham para este evento acontecer”, disse.
Premiação
A premiação do Circuito foi marcada por grandes surpresas, alegrias e muitos aplausos. A novidade maior é que a Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult-AL) decidiu dar prêmios em dinheiro aos realizadores dos filmes vencedores. Além do troféu, o filme que ganhar na categoria júri popular do 9º Festival Velho Chico de Cinema Ambiental, do 12º Festival de Cinema Universitário de Alagoas, e do 15º Festival do Cinema Brasileiro, recebe um prêmio de R$ 5 mil; no júri oficial, o prêmio é de R$ 8 mil.
Já o filme que ganhar na categoria júri oficial do 15º Festival do Cinema Brasileiro, recebe um prêmio de R$ 10 mil.
Os filmes vencedores foram os seguintes:
9º FESTIVAL VELHO CHICO DE CINEMA AMBIENTAL
Júri popular – “A voz da Esperança”, dirigido por Caio Salles (RJ)
Menção honrosa – “Nonna”, dirigido por Maria Augusta Nunes (SC); “Canários X Canalhas”, de Leonardo Gonçalves (PB); e “Rios Que Correm”, de Dayane Dantas e Brenda Maia (SE)
Júri Oficial – “Ewé de Ósányín: O Segredo das Folhas”, com direção de Pâmela Peregrino (BA/AL)
12º FESTIVAL DO CINEMA UNIVERSITÁRIO DE ALAGOAS
Júri popular – “O Rio de Cada Um”, dirigido por Pedro Marchiori (RJ)
Menção honrosa – “Procura-se Bixas Pretas”, com direção de Vinícius Eliziário (BA)
Júri oficial – “Fantasma Neon”, dirigido por Leonardo Martinelli (RJ)
15º FESTIVAL DO CINEMA BRASILEIRO
Júri popular – “A Terra em Que Pisar”, de Fauston da Silva (DF)
Menção honrosa – “Infantaria”, com direção de Laís Araújo (AL)
Júri oficial – “Ela Mora Logo Ali”, dirigido por Fabiano Barros e Rafael Rogante (Rondônia)
Alguns realizadores ou representantes dos filmes vencedores estavam presentes e foram até o palco agradecer o prêmio.
Mais de 100 filmes foram exibidos durante toda a semana, por meio da Mostra de Cinema Livre, Mostra de Longas-Metragens e Mostras Competitivas, com a participação de obras de diversos estados brasileiros.
Prêmio para Isabel Teixeira
No decorrer da cerimônia, Sérgio Onofre fez uma surpresa e anunciou outro prêmio que tem relação com o cinema ambiental e o fazer artístico nessa área. A escolhida para receber a singela homenagem foi a atriz Isabel Teixeira, que interpretou brilhantemente a personagem Maria Bruaca, na adaptação da novela “Pantanal”, da TV Globo.
A medalha foi repassada por Onofre a Isabel, que também ficou emocionada. Ela subiu ao palco para agradecer e fazer seu discurso.
“Eu passei quase sete dias aqui e foi incrível. Eu tive a oportundiade este ano de estar em duas regiões com água e cultura, e agora passei o dia inteiro no São Francisco e foi muito lindo, e também não tem como não lembrar do Rio Negro. A gente está falando de cultura e de água, se os rios estão fracos eles também podem estar fortes com a cultura”, disse a atriz, que elogiou o Circuito e fez uma declaração para a filha Flora.
“Foi muito legal vir para um festival como esse. Inclusive, a gente comentou como é bonito ver os resultados e ver os curtas de cada estado. Foi lindo também trazer minha filha aqui”, revelou Isabel apontando para a filha, que estava na plateia. “Viu Flora: eu queria que o mundo que você vai viver seja um mundo onde a cultura de todo o país converse, tipo um festival como esse. Foi tudo lindo”, concluiu.
A cerimônia terminou com o bate-papo entre o diretor do filme “A Mãe”, Cristiano Burlan, a atriz Marcélia Cartaxo e o produtor Ivan Melo, sob a mediação de Rosana Dias. Após a conversa, houve a exibição do longa-metragem.